Há experiências que podem ser realmente muito boas a nível pessoal, que podem ser enriquecedoras para nós enquanto pessoas e ao mesmo tempo te podem magoar brutalmente.
Recentemente passei por uma delas, não vou contar qual, nem como foi, porque lá está, isso é meu e apenas meu.
Mas caramba, pensei que tal não fosse possível.
Para mim, quem ama cuida, seja amor carnal, seja amizade, seja afecto, seja carinho, seja o que for, quem ama, cuida!
Eu não sou perfeita, pelo contrário, tenho defeitos, os meus defeitos, mas nunca, nunca mesmo deixo de defender os meus, sabem porquê? Porque quem não se sente não é filho de boa gente!
Quando estou aflita, ansiosa, perdida ainda menos.
Escolhi o curso que quis, escolhi sem qualquer imposição, os meus pais nunca quiseram intrometer-se no assunto. Passei anos na faculdade, acreditei sempre que era isto que queria, até hoje. Hoje já não sei. Porque não me sinto realizada. Sinto-me condicionada, sem férias, sempre enfiada entre quatro paredes brancas a fazer mais trabalho de administrativa do que daquilo que é a minha profissão.
E sei que sou recém-agregada, sei que tenho colegas em situações pior do que a minha, mas também sei aquilo que sinto, e o que sinto não é bom, além de que condiciona toda a minha vida.
Bem sei que algumas pessoas dizem "então muda", e eu respondo "acham que não ando a tentar?!", claro que ando, sempre em busca de algo que me realize. Mas é difícil, muito difícil.
Tens um baptizado em Junho e um casamento em Setembro? Os convidados não são os mesmos, és apenas namorada de um amigo do noivo, nem conheces uma única pessoa que estará no casamento? Então compra um vestido para o baptizado e utiliza o mesmo, se preferires com diferentes acessórios no casamento. Simples, prático e barato, que o País está em crise e a tua carteira parece que também está...
Mais uma tanga, porque tal como tudo o resto, o dia dos melhores amigos é mesmo todos os dias, ou seremos mais amigos do nosso melhor amigo neste dia?! Pois, resposta óbvia.
Mas como até sou pirosa e não gosto de deixar passar datas em branco, vou mesmo ser lamechas.
Eu tenho alguns bons amigos, tenho mesmo, gosto muito deles e faço tudo o que posso para ser boa amiga, mas depois tenho outra pessoa, que não é comparável.
Não sei se é melhor amiga, amiga do coração, a preferida, só sei que é mesmo a minha pessoa, a minha pessoa para a vida. Sim, é de facto um lugar comum, ser a pessoa de alguém pode ser tanga, ou modernice, ou treta, mas para mim não é nada disso, é mesmo aquela pessoa que é a nossa pessoa, a pessoa da minha vida.
E ela é, e eu acho que também sou a dela, e também acho que isso ultrapassa as melhores amigas, ou o que quer que seja.
E então, perguntam vocês meus queridos leitores fofinhos que eu espero que estejam desse lado mas que se não estiverem e só passarem por acaso cá beijinho, "mas o que é isso de ser a pessoa de alguém?".
Eu explico, é algo como:
- Teres vontade de vomitar, levares a pessoa contigo, além de lhe segurares no cabelo, vomitas também, profundo hã?!
- Ligares a meio do dia só para dizer "viste a capa da Cristina este mês??? Tem o Quaresma".
- Dizeres algo como "olha este exercício é do demo, diz palavrões tipo cabr@@@, filho da pi$%/%, que é mais fácil" e a pessoa diz.
- Teres alguém que te acompanhe no enfardanço, que é mesmo comer com os olhos, pedir tudo e mais alguma coisa e comer até ficarem enjoadas.
- Ela dizer que tem medo do escuro e tu levantares-te para ir acender a luz, mesmo que isso te dificulte o sono.
- Sentires que se te meteres na maior enrascada do mundo, será sempre para ela que vais ligar em primeiro lugar.
- Todos os teus programas a incluem, sempre.
- Quereres acima de tudo que a pessoa seja feliz, mesmo feliz, mas morreres de medo que vá para longe de ti, porque já não sabes viver sem ela por perto.
- Teres aquilo tipo de relação que as pessoas que privam convosco sabem, se uma sabe a outra vai saber.
- Beberem finos de estalo que é um mimo.
- Rirem das mesmas parvoíces vezes sem conta.
- Ter como palavra mais difícil de proferir: Massachusetts.
- Seguirem um plano do demo e chegarem a casa para comer frango frito ou cozido.
- O teu moss saber que se estás chateada com ele, ela vai ficar sempre do teu lado, mesmo quando não está.
Isto são coisas pequenas, são partilhas, são momentos, mas são coisas que não se explicam, sentem-se. Saber que tens ali alguém que te conhece sem máscaras, que sabe o que estás a sentir de verdade, que sabe que respondes mal quando estás mal disposta, que sabe que queres mudar o mundo e diz que vai contigo.
A propósito de uma entrevista da Rita Pereira para o site Maria Capaz, que podem ver aqui, revi-me em certos aspectos, e um deles foi o facto de ambas gostarmos mais de dar, de procurar do que de receber. E quando a Iva Domingues lhe perguntou "porquê?" ela foi, surpreendentemente sincera. Porque não gosta de mostrar fragilidades.
Custa admitir, mas é verdade, eu também não gosto, ou melhor, nem sei bem como isso funciona, porque não gosto de mostrar que preciso, ou que também estou mal, ou que também estou triste. Quando ela diz algo como "eu pergunto sempre como estão, se estão bem de saúde, como se sentem, porque quero mesmo saber. Mas quando perguntam e então Rita como estás? Aí digo sempre, eu estou bem, está tudo bem!".
E sendo ainda mais sincera, arrependo-me quase sempre das vezes em que partilho, porque tem dias, em que nos sentimos mais enervados, irritados, o que seja, e acabamos por ter de partilhar, mas depois de o fazer penso sempre "não o devia ter feito, porque além de ter preocupado as pessoas, mostrei que estava frágil, ou que sou fraca, e eu não sou fraca, sou forte". E isto é o raio de um defeito que vai daqui até à Austrália.